Bateu saudade...
De um tempo, de amigos, do meu pai, dos meus irmãos. Vontade de estar junto, falar sobre outros dias. Daqueles que ficávamos todos juntos, sem preocupações (pelo menos eu não tinha). Não trabalhava. Estudar tinha outra conotação.
Saudades de quando, todas as férias, visitiva meus avós em Minas Gerais. E lá ficava dois meses, o carnaval. Do sorvete da praça, dos passeios com meu avô, das histórias que minha avó contava antes de dormir, dos livros que li, de brincar na rua, com minha amiga Lívia, que hoje é casada e tem um filho lindo.
Saudades dos fins de semana, um sim e um não, em que ficava com meu pai. Quando íamos andar pelo Esalq, em Piracicaba. Das férias em Ubatuba, em que passava o dia na água, e ficava negra, te tanto tomar sol.
Saudades da companhia única do meu irmão Bruno (amo você). Ele mais novo, eu mais velha. Cuidando dele, brincando, colecionando álbuns, assistindo filmes, fazendo arte.
Coração apertado agora. Bateu saudade.
Para matar um pouquinho dela, um texto do meu avô. Foi ele que me inspirou a seguir o jornalismo, gostar de literatura e valorizar o simples. Escolhi este texto, entre centenas, porque tem a ver comigo, agora. (Lemp, eu sei que você não gosta de poesias)
PERSONA
Saavedra Fontes
Se irônicos perguntam quem eu sou
sou o que sou - respondo -
nem melhor nem pior que os meus inquisidores.
Se invejosos indagam
insolentes perguntam
o que fiz de bom
de importante ou belo
só posso responder - vivi.
Tributo eu pago pela idade
e não me culpo viver tanto!
Sigo meus passos na simples caminhada
sem contá-los
ou imaginá-los
uns melhor que os outros.
No sono eterno não serão cobrados os meus erros
nem elogiados meus acertos.
Terra e pedras que eu pisei
cobrirão meus sonhos incompletos
e da lápide que ficar
o tempo se encarregará
de entregá-la ao esquecimento...
7 Comments:
Não gosto de poesias mas o grandpa fontes manda bem...
o bom da saudade é que ela eventualmente passa...
fêê do céu.. o véio manda mto bem hein... animal o texto!
e nem me fala dessa época boa, a gente era feliz e não sabia.
bjo
Deixa o Lemp velho ranzinza pra lá...Certeza que da high-tech do quarto dele, num robe cor-de-rosa, ele chora lendo Agatha Christie.
E eu, que me pego tendo saudades de uma vida que não tive...
Beijo enorme
humm...valorizar coisas simples bateu forte...gostei disso.
Vou estar comparecendo mais....
Ainda sobre o texto, lembro-me de que hoje mesmo comentei com uma amiga sobre o distanciamento que temos qdo olhamos o passado nostálgico e a defesa que criamos qdo temos um presente meio baqueante de quebras de paradigmas...pautas para longas outras conversas!
humm...valorizar coisas simples bateu forte...gostei disso.
Vou estar comparecendo mais....
Ainda sobre o texto, lembro-me de que hoje mesmo comentei com uma amiga sobre o distanciamento que temos qdo olhamos o passado nostálgico e a defesa que criamos qdo temos um presente meio baqueante de quebras de paradigmas...pautas para longas outras conversas!
Nanda, lendo isso agora, também me bateu saudade de tempos lá de trás... E como dói, e como é contraditório a gente querer se lembrar de coisas que podem nos fazer chorar. Mas tá valendo. É bom ter saudade, porque são essas coisas que formam nosso caráter, nossa bagagem emocional. Só acho que devemos nunca esquecê-las e, ao mesmo tempo, deixá-las um pouco de lado, para as novas que virão. Texto legal, e o que falar do seu avô como poeta? Um Mário Quintana na família Fontes? Agora fiquei sabendo de onde a srta. veio!
Féfis...
Sou uma nata e constante apaixonada pela nostalgia das poesias. E se não bastasse o sentimentalismo que ela carrega em si própria, você narrou de forma bucólica a minha infância, a sua infância e a infância de todos que têm ou tiveram avós no interior desse Brasilzão. Você encheu de lembranças, de saudades, de cheiros e de sabores a minha aborrecida tarde. Parabéns pelo seu texto, parabéns pelo seu avô.
Te adoro... beijos!
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