Wednesday, July 05, 2006

crônicas do buzão

Um rapaz faz sinal para o ônibus parar. Antes de entrar, pergunta ao motorista se aquele coletivo passa pela Rua Joaquim de Oliveira Freitas. O motorista diz não conhecer, mas o moço, que aparenta seus 25 anos, sobe. Disseram-lhe que aquele ônibus é certo para chegar ao destino desconhecido.

Ele entra, pergunta ao cobrador sobre a rua. O mesmo também não conhece e tira um guia de ruas de São Paulo da mochila para procurar a tal Joaquim de Oliveira Freitas.

- Qual é o nome da rua mesmo?
- Joaquim de Oliveira Freitas
- Mas num tô alembrado dessa rua, não!

Uma moça sentada a frente do cobrador pergunta se o rapaz tem alguma referência.

- Me disseram que o ônibus vai passar pelo pontilhão da Jaguara, aí vai passar um posto e eu tenho que descer em frente a uma padaria.
- Ah! É na Rua Pirituba que ele vai descer, diz a mulher.
- Eita, mas é Rua Joaquim de Oliveira Freitas que eu vou.
- Mas todo mundo só conhece ela como Rua Pirituba.

O cobrador, indignado:

- Eu não entendo essas coisas. A rua chama uma coisa e o povo chama de outra.
- Mas será que é essa rua mesmo?
- É sim, menino. Pode ficar tranquilo.
- É que não sou daqui, sou de Prudente e vim para São Paulo trabalhar e estou procurando lugar pra morar.
- Onde você trabalha? pergunta a garota sentada ao lado do rapaz.
- Em Santo Amaro. É longe desse lugar que eu vou?
- Nossa, se é!

Desvendado o lugar onde iria, o cobrador conta que é do Ceará e há dois anos mora em São Paulo.

- Quando cheguei aqui não conhecia nadinha. Mas eu não tinha medo não. Eu moro ali perto do Pico do Jaraguá. Quando comecei a trabalhar, não sabia que ônibus tomava e um dia andei mais de 3 mil metros pra chegar em casa. Resolvi seguir o Pico, que sabia que era perto de casa. Nossa, mas me perdi! Eu virava as ruas e quando via, o pico tinha mudado de lugar!
Mas São Paulo é assim. Você não pode ter medo de enfrentar, tem que ter curiosidade mesmo, perguntar e andar que você aprende.

A moça avisa ao rapaz que deve descer no próximo ponto. O menino desce, rindo, e agradece a ajuda.

- Tadinho, vai aguentar São Paulo não!